A circularidade vazia da lógica consumista contemporânea, o ciclo autodestrutivo de trabalho e consumo. A autoconsciência neutralizada pela satisfação superficial de possuir um objeto de status.
Consumir substitui o viver, e confundir meios (ferramentas que deveriam facilitar a vida) com fins (a própria qualidade de vida).
Satã se diverte
– Deixa eu ver se entendi, você trabalha seis dias por semana para poder pagar um carro que só serve pra te trazer pro trabalho?
– Isso mesmo!
– Mas você está desperdiçando sua vida, não está?
– Dentro de um carro zero, sempre bom lembrar.
E a charge de Cristiano Onofre, nos lembra uma citação de um ferrenho crítico da sociedade industrial:
No momento em que uma sociedade se torna tributária do transporte, não somente para as viagens ocasionais, mas também para seus deslocamentos cotidianos, se torna visível a contradição entre justiça social e energia motorizada, isto é, entre a liberdade da pessoa e a mecanização da rota. A dependência, em relação ao motor, nega a uma coletividade exatamente aqueles valores que se considerariam implícitos ao melhoramento da circulação.
(Ivan Illich, Energia e Equidade)